GUILHERME W. MACHADO O cinema de Bresson é um cinema de gestos, de movimentos e ações. O diretor francês é amplamente conhecido pela sua frieza, pela forma como trabalha os atores para que esses não atuem, não demonstrem qualquer dramaticidade, e pela forma como conta suas histórias sem nenhuma dose de melodrama ou momentos superconstruídos (no sentido de uma elaboração cênica artificial ou puramente estética) de qualquer coisa, seja suspense, comédia, drama, etc. Em compensação, poucos diretores na história foram tão magistrais e singelos na captura de gestos – seu filme posterior a esse, Batedor de Carteiras [1959], é uma verdadeira aula nisso.