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Mostrando postagens de março, 2017

Fragmentado (M. Night Shyamalan, 2016)

GUILHERME W. MACHADO Bizarro que a volta de Shyamalan ao sucesso ( Fragmentado custou apenas 9 milhões e já passou dos 250 nas bilheterias) seja com um filme que: 1) é mais uma extensão – provavelmente a mais radical – de seu tema preferido, o trauma; 2) subverte tanto daquilo que se espera na sua condução dentro do gênero de suspense. Sei que ainda vou me arrepender de escrever sobre esse antes de uma revisão, pois foi realmente uma experiência bem diferente do que eu esperava antes de ir para o cinema, mas no momento é inevitável.

Hiroshima meu Amor (Alain Resnais, 1959)

GUILHERME W. MACHADO Não deixa de ser incrível como Resnais conseguiu manter tamanha coerência temática em sua longa carreira sem, na maioria das vezes, ter escrito seus próprios roteiros. Já em Hiroshima meu Amor , seu primeiro e mais conhecido longa-metragem, é possível enxergar distintamente as marcas de seu cinema. Seja nos aspectos formais, como a edição que movimenta a narrativa não-linear e a movimentação de câmera  –  que remete muito mais a um estilo moderno de fluxo que à mise-en-scène predominante na virada dos anos 50 pros 60  –  seja nas suas principais obsessões temáticas: o tempo e a memória. É um engano, entretanto, crer que as fundações de seu cinema partem daqui, uma vez que todos esses elementos já haviam sido ensaiados  com maestria  nos seus curtas, dentre os quais destaca-se o brilhante Noite e Neblina (1955).

Top 20 - Martin Scorsese

GUILHERME W. MACHADO Sei bem que, de uma forma ou de outra, enfrento críticas com essa lista. Scorsese é um dos diretores mais populares, com muitos filmes queridos pelo público e uma série de favoritos "obrigatórios" que costuma engessar quaisquer tentativas de ranquear sua carreira. Não foi o que eu segui aqui  – para a óbvia insatisfação do leitor hipotético  –, mas também não é verdade que ignorei certos filmes apenas pela sua popularidade, até porque isso é ridículo.

Silêncio (Martin Scorsese, 2016)

GUILHERME W. MACHADO A última vez que me lembro de um homem desbravando a natureza de um país estrangeiro, pretensamente em busca de um ex-líder que, nas condições extremas da cultura em que se encontra, rebelou-se contra o sistema que o enviou aquele lugar, foi no Apocalypse Now  [1979] de Francis Ford Coppola. No caso digo pretensamente porque, tanto no filme de Coppola quanto no de Scorsese, as buscas em que engrenam seus protagonistas tem muito mais a ver com questões existenciais do que propriamente tarefais. Se o filme de 1979 era uma jornada rumo a escuridão do ser humano, a nova obra-prima de Scorsese é rumo à essência da fé, e todas lutas e contradições que a envolvem.

No Silêncio da Noite (Nicholas Ray, 1950)

GUILHERME W. MACHADO Difícil é encontrar cinema mais verdadeiro do que o de Nicholas Ray. Mesmo em seu momento mais visualmente maneirista (mais pela natureza do gênero do que por qualquer outro motivo), Johnny Guitar [1954] é uma obra que transborda emoção, raiva e paixão dos seus personagens, num turbilhão alucinante que mantém a intensidade do início ao fim. Um filme glorioso, nem preciso dizer. No Silêncio da Noite , frequentemente aclamado como sua obra prima, e não sem motivos, figura entre os exemplares cinematográficos mais amargos da solidão humana numa grande cidade.