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Top 20 - Martin Scorsese


GUILHERME W. MACHADO

Sei bem que, de uma forma ou de outra, enfrento críticas com essa lista. Scorsese é um dos diretores mais populares, com muitos filmes queridos pelo público e uma série de favoritos "obrigatórios" que costuma engessar quaisquer tentativas de ranquear sua carreira. Não foi o que eu segui aqui – para a óbvia insatisfação do leitor hipotético –, mas também não é verdade que ignorei certos filmes apenas pela sua popularidade, até porque isso é ridículo.

A verdade é que tem um conjunto de filmes ali em cima que considero verdadeiramente irretocáveis e, dentre esses, não vejo como analisar sob um viés técnico, ou "cinematográfico", a vantagem de um sobre o outro, pois, afinal são perfeitos. O que sobra, nesses casos, é a capacidade subjetiva de reconhecer elementos que elevem ainda mais a percepção sobre a obra. Assim que ordenei as 7 obras-primas que compõe o topo da lista (qualquer uma das quais poderia, tranquilamente, preencher a primeira posição). E isso é uma coisa interessante, pois não sei, por exemplo, se gosto mais de Cassino (1995) do que Os Bons Companheiros (1990), mas sinto que ele deve figurar numa posição superior, pois enxergo nele um conjunto ideológico mais coeso, um discurso mais eloquente, embora talvez na hora de elencar meu filmes preferidos seja o segundo que lá conste pela satisfação pessoal que a sua hiper estilização e narrativa inventiva me trazem. O que priorizar então? É um processo difícil de explicar, ainda mais num parágrafo, mas que de alguma forma faz sentido pra mim. Talvez a moral seja que é de pouca relevância impor um ordenamento entre filmes de um certo patamar, mas pra isso não tem saída.

De qualquer forma, sou fã inveterado do cineasta, e, tendo visto todos seus filmes, posso dizer que o único (em sua carreira de mais de 4 décadas) que acho mais "fraco" é A Cor do Dinheiro (1986), que não chega a ser um filme ruim. Desconsiderando dessa afirmação seus dois primeiros longas Quem Bate à Minha Porta (1969) e Sexy e Marginal (1972), pois considero que a identidade do diretor só passou a se manifestar plenamente a partir de Caminhos Perigosos (1973). De resto, fica a variação de ótimo (sim, considero o vigésimo filme dessa lista ótimo, sem tirar nem por) para excepcional. O que me incomoda, portanto, é que o próprio formato de lista carrega aquela injustiça velada de que só a metade de cima chama atenção do leitor (nesse caso, apenas o top 10), me deixando a extrema frustração de ter um conjunto de filmes fantásticos entre as posições 11-20 que serão simplesmente ignorados.

OBS: essa lista está sujeita a – e certamente sofrerá – alterações ao longo de sua existência.


20. Alice não Mora mais Aqui (1974)


19. A Invenção de Hugo Cabret (2011)


18. Gangues de Nova York (2002)


17. Kundun (1997)




15. New York, New York (1977)


14. Cabo do Medo (1991)


13. Vivendo no Limite (1999)


12. Os Infiltrados (2006)


11. O Rei da Comédia (1982)


10. Ilha do Medo (2010)


09. Depois de Horas (1985)


08. O Aviador (2004)


07. A Última Tentação de Cristo (1988)


06. Touro Indomável (1980)


05. Os Bons Companheiros (1990)


04. Silêncio (2016)


03. Cassino (1995)


02. A Época da Inocência (1993)


01. Taxi Driver (1976)

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