Pular para o conteúdo principal

Premiações - Comentários SAG 2015


TEXTO DE: Guilherme W. Machado

A 21 edição do Screen Actors Guild Awards (SAG Awards), premiação marcada pela previsibilidade, esquentou a corrida para o Oscar, balançando o quadro em pelo menos dois prêmios importantes. Por mais que o SAG seja uma premiação recente, ele é, sem dúvidas, o maior termômetro do Oscar nas categorias de atuação, tendo uma margem de acertos absurda nesses seus 21 anos. A corrida desse ano, que a essa altura já parecia bem fechada, ganha novas perspectivas. Confira os vencedores (com comentários abaixo):



VENCEDORES:

MELHOR ELENCO: Birdman OU (A Inesperada Virtude da Ignorância)
MELHOR ATOR: Eddie Redmayne [A Teoria de Tudo]
MELHOR ATRIZ: Julianne Moore [Para Sempre Alice]
MELHOR ATOR COADJUVANTE: J.K Simmons [Whiplash]
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Patricia Arquette [Boyhood]


Julianne Moore, J.K Simmons e Patricia Arquette fecharam a porta de vez (tendo vencido a tríplice das principais premiações pré-oscar, Globo de Ouro, Critics Choice Awards e o SAG), garantindo seus prêmios sem dar qualquer espaço de dúvida para seus concorrentes. Três apostas seguras para o bolão do Oscar.

O que salvou a noite do tédio foram os outros dois prêmios. Enquanto Michael Keaton era amplamente tido  como o favorito absoluto (ainda que eu discordasse), Redmayne ressurge e leva o prêmio de Melhor Ator, virando o jogo e colocando-se como o favorito para o Oscar. Nessa acirrada disputa entre ambos atores, o quadro se encontra na seguinte maneira: ambos venceram o Globo de Ouro (nas categorias de Melhor Ator - Drama e Melhor Ator - Comédia), Keaton faturou o Critics Choice Awards enquanto Redmayne ficou com o SAG. Nos embates semelhantes que ocorreram nos últimos anos (quando os três principais prêmios ficam divididos entre dois concorrentes), o síndicato dos atores costuma se revelar mais confiável. Alguns exemplos:

- Jessica Chastain (A Hora mais Escura) x Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida); 
- Jennifer Lawrence (Trapaça) x Lupita Nyongo'o (12 Anos de Escravidão);
- George Clooney (Os Descendentes) x Jean Dujardin (O Artista);
- Meryl Streep (Julie & Julia) x Sandra Bullock (Um Sonho Possível).

Em todos esses embates, o vencedor do SAG levou o Oscar.

Outra consequência interessante da premiação de ontem, somada nesse caso à do PGA (Producers Guild of America), foi a vitória de Birdman como Melhor Elenco. Ainda que esse prêmio, por si só, não seja exatamente um termômetro para o Oscar de Melhor Filme, ele é um fator de peso. Boyhood anda se consolidando como o grande favorito aos prêmios de filme e diretor; as recentes vitórias de Birdman no PGA e no SAG revelam, todavia, uma possibilidade de virada, semelhante à de O Discurso do Rei sobre A Rede Social na premiação de 2011. Ainda assim, acho pouco provável e mantenho minhas apostas no filme de Linklater.

Enfim, o SAG felizmente apimentou um pouco a até então morna corrida de 2015, espero que surjam ainda outras surpresas.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Explicação do Final de Birdman

 (Contém Spoilers)                                            TEXTO DE: Matheus R. B. Hentschke    Se inúmeras vezes eu julguei Birdman como pretensioso, terei de ser justo e dizer o mesmo de mim, uma vez que tentar explicar o final de uma obra aberta se encaixa perfeitamente em tal categoria. Entretanto, tentarei faze-lo apenas a título de opinião e com a finalidade de gerar discussões acerca do mesmo e não definir com exatidão o que Iñarritu pretendia com seu final. 

Interpretação do Filme Estrada Perdida (Lost Highway, 1997)

GUILHERME W. MACHADO Primeiramente, gostaria de deixar claro que A Estrada Perdida [1997], como muitos filmes de David Lynch, é uma obra tão rica em simbolismos e com uma narrativa tão intrincada que não é adequado afirmar tê-la compreendido por completo. Ao contrário de um deturpado senso comum, entretanto, creio que essas obras (aqui também se encaixa o mais conhecido Cidade dos Sonhos ) possuem sentido e que não são apenas plataformas nas quais o diretor simplesmente despeja simbolismos para que se conectem por conta própria no acaso da mente do espectador. Há filmes que mais claramente – ainda que não tão ao extremo quanto dito, pois não existe verdadeira gratuidade na arte – optam pela multiplicidade interpretativa, como 2001: Uma Odisseia no Espaço [1968] e Ano Passado em Marienbad [1961], por exemplo. Não acredito ser o caso dos filmes de Lynch, nos quais é possível encontrar (mediante um esforço do espectador de juntar os fragmentos disponíveis e interpretá-los) en

10 Giallos Preferidos (Especial Halloween)

GUILHERME W. MACHADO Então, pra manter a tradição do blog de lançar uma lista temática de terror a cada novo Halloween ( confira aqui a do ano passado ), fico em 2017 com o top de um dos meus subgêneros favoritos: o Giallo. Pra quem não tá familiarizado com o nome  –  e certamente muito do grande público consumidor de terror ainda é alheio à existência dessas pérolas  –  explico rapidamente no parágrafo abaixo, mas sem aprofundar muito, pois não é o propósito aqui fazer um artigo sobre o estilo. Seja para já apreciadores ou para os que nunca sequer ouviram falar, deixo o Giallo como minha recomendação para esse Halloween, frisando  –  para os que torcem o nariz  –  que essa escola de italianos serviu como referência e inspiração para muitos dos que viriam a ser os maiores diretores do terror americano, como John Carpenter, Wes Craven, Tobe Hooper, e até diretores fora do gênero, como Brian De Palma e Quentin Tarantino.