Pular para o conteúdo principal

Artigo - Previsões Oscar 2016: The Hateful Eight


 TEXTO DE: Matheus R. B.  Hentschke
Não, você não leu errado. O CriticPop, após enorme demanda, resolveu começar o inglório trabalho de tentar prever quais filmes terão forças para chegarem como sólidos candidatos ao Oscar 2016. De fato, tal serviço se mostra extremamente arriscado, uma vez que muitas películas de diretores renomados e de grandes produtoras ainda nem sequer tem o seu elenco ou o seu enredo divulgados.

Para complementar a explanação da dificuldade de se fazer uma previsão tão antecipada, resolvi pesquisar o que muitos blogs e sites especializados disseram sobre os filmes que teriam chances, no Oscar 2015, no mesmo período de agora, só que em 2014. Adivinhe as pérolas que vieram... Êxodo de Ridley Scott, Invencível de Angelina Jolie e, até mesmo, Caminhos da Floresta de Rob Marshall como um grande candidato. Outros palpites não foram tão furados, mas ainda assim não vingaram, como Interestelar de Christopher Nolan e Garota Exemplar de David Fincher. Talvez, os únicos acertos foram Boyhood e O Grande Hotel Budapeste.


Enfim, não é fácil, todavia começaremos essa série de previsões com um filme que quase foi cancelado sem ter sido filmado uma mísera cena sequer: The Hateful Eight, o segundo faroeste do aclamado diretor Quentin Tarantino. Como assim quase cancelado? Eu explico, Tarantino, com seu roteiro recém finalizado, procurou um círculo restrito de atores e seus respectivos agentes: Michael Madsen, Bruce Dern e Tim Roth. Pouco tempo depois, seu roteiro foi vazado pelo blog Defamer, e o diretor já se adiantou dizendo que o agente de Tim Roth não poderia ser o culpado: "Deve ter sido o agente de Dern ou de Madsen. Quero saber quem foi agora. Gosto do fato de as pessoas curtirem o que escrevo e fazerem de tudo para ler, mas eu passei essa p**** de roteiro para seis pessoas."
Após o ocorrido e um processo correndo contra o responsável pela divulgação imprópria do roteiro, Tarantino decidiu por engavetar o projeto e publicá-lo como livro. Contudo, posteriormente o diretor optou por fazer uma leitura ao vivo do roteiro, com alguns atores de longa passagem com o diretor e outros “novatos”: Samuel L. Jackson (Major Marquis Warren), James Parks (o motorista O.B.), Kurt Russell (o caçador de recompensas John Ruth, também conhecido como “O Carrasco"), Amber Tamblyn (a prisioneira Daisy Domergue), Walton Goggins (Chris Mannix), Denis Menochet (o francês Bob), Tim Roth (o inglês Oswaldo Mobray), Michael Madsen (John Gage),Bruce Dern (o General Confederado Smithers), Dana Gourrier (Minnie), Zoe Bell (Six Horse Judy) e James Remar (Jody) - alguns atores também encarnaram outros papéis secundários a fim de encenarem um capítulo do roteiro. Lá, o diretor comentou: "Estou trabalhando em uma segunda versão e farei uma terceira versão, mas vamos ler o primeiro rascunho. O Capítulo 5 que apresentaremos aqui não será o mesmo Capítulo 5 que veremos depois".
A leitura organizada pela Film Independent ocorreu com ingressos a US$ 200 e obviamente o teatro ficou lotado. Para valorizar mais essa experiência única, durante a narrativa, Tarantino dirigiu as cenas, mostrando ângulos de câmera e estabelecendo o cenário em uma nevada Wyoming, depois da Guerra Civil Americana, filmada em 70 mm, sendo que o formato tradicional é de 35 mm.

Após essa novela antes do começo das filmagens, finalmente The Hateful Eight começou a ser filmado e ganhou sua sinopse: “depois que uma diligência desvia da sua rota por conta de uma tempestade de neve, um grupo de estranhos - formado por uma dupla de caçadores de recompensa, um ex-soldado e uma presidiária, entre outros - fica preso em um saloon no meio do nada". No elenco estão presentes, além dos principais nomes citados na leitura ao vivo: Channing Tatum, Dana Gourrier, Gene Jones, Keith Jefferson, Lee Horsley, Craig Stark e Belinda Owino. Além disso, a película será produzida pela The Weinstein Co, que chega com alguns possíveis e prováveis candidatos para a corrida do Oscar 2016, além de The Hateful Eight.

Obviamente, um filme de Tarantino sempre chega como um forte concorrente ao Oscar, ainda mais agora que o diretor já adquiriu mais experiência em películas de western após o seu bom trabalho em Django Livre. Esperamos que seja a vez de Tarantino, principalmente após essa sua declaração:  "Se eu chegar ao décimo, fizer um bom trabalho e não ferrar tudo, bem, soa como uma boa forma de finalizar a velha carreira. Se, mais tarde, eu encontrar um bom filme, eu não deixarei de fazer só porque disse que não faria. Mas 10 e pronto, deixá-los querendo mais, isso soa bem".


Principais Possibilidades de Indicação:

  •  Melhor Filme
  • Melhor Diretor [Quentin Tarantino]
  •  Melhor Ator Coadjuvante [Samuel L. Jackson]
  • Melhor Atriz Coadjuvante [Jennifer Jason Leigh] 
  • Melhor Roteiro Original  [Quentin Tarantino]
  • Melhor Montagem [Fred Raskin]
  • Melhor Figurino [Courtney Hoffman]

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Explicação do Final de Birdman

 (Contém Spoilers)                                            TEXTO DE: Matheus R. B. Hentschke    Se inúmeras vezes eu julguei Birdman como pretensioso, terei de ser justo e dizer o mesmo de mim, uma vez que tentar explicar o final de uma obra aberta se encaixa perfeitamente em tal categoria. Entretanto, tentarei faze-lo apenas a título de opinião e com a finalidade de gerar discussões acerca do mesmo e não definir com exatidão o que Iñarritu pretendia com seu final. 

Interpretação do Filme Estrada Perdida (Lost Highway, 1997)

GUILHERME W. MACHADO Primeiramente, gostaria de deixar claro que A Estrada Perdida [1997], como muitos filmes de David Lynch, é uma obra tão rica em simbolismos e com uma narrativa tão intrincada que não é adequado afirmar tê-la compreendido por completo. Ao contrário de um deturpado senso comum, entretanto, creio que essas obras (aqui também se encaixa o mais conhecido Cidade dos Sonhos ) possuem sentido e que não são apenas plataformas nas quais o diretor simplesmente despeja simbolismos para que se conectem por conta própria no acaso da mente do espectador. Há filmes que mais claramente – ainda que não tão ao extremo quanto dito, pois não existe verdadeira gratuidade na arte – optam pela multiplicidade interpretativa, como 2001: Uma Odisseia no Espaço [1968] e Ano Passado em Marienbad [1961], por exemplo. Não acredito ser o caso dos filmes de Lynch, nos quais é possível encontrar (mediante um esforço do espectador de juntar os fragmentos disponíveis e interpretá-los) en

10 Giallos Preferidos (Especial Halloween)

GUILHERME W. MACHADO Então, pra manter a tradição do blog de lançar uma lista temática de terror a cada novo Halloween ( confira aqui a do ano passado ), fico em 2017 com o top de um dos meus subgêneros favoritos: o Giallo. Pra quem não tá familiarizado com o nome  –  e certamente muito do grande público consumidor de terror ainda é alheio à existência dessas pérolas  –  explico rapidamente no parágrafo abaixo, mas sem aprofundar muito, pois não é o propósito aqui fazer um artigo sobre o estilo. Seja para já apreciadores ou para os que nunca sequer ouviram falar, deixo o Giallo como minha recomendação para esse Halloween, frisando  –  para os que torcem o nariz  –  que essa escola de italianos serviu como referência e inspiração para muitos dos que viriam a ser os maiores diretores do terror americano, como John Carpenter, Wes Craven, Tobe Hooper, e até diretores fora do gênero, como Brian De Palma e Quentin Tarantino.