GUILHERME W. MACHADO
Woody Allen é um daqueles poucos cineastas cuja figura pública é tão conhecida e mitificada de múltiplas formas que acaba por interferir na forma como o grande público – e, surpreendentemente, uma parcela razoável da crítica – vê sua obra. Aqui não me cabe nenhuma avaliação da sua pessoa, mas como cineasta Allen construiu uma carreira miraculosa (num ritmo sobrenatural de um filme por ano, coisa que acho que nunca foi sustentada por tantas décadas por cineasta nenhum), com número considerável de obras primas e, principalmente, com uma coesão temática absurda. Me espanta como ainda tem críticos que (por puro eco e raciocínio preguiçoso, só pode) seguem repetindo que ele é um diretor que não pensa na forma ou nas imagens, apenas no texto, quando é nítido na carreira do cineasta quantas vezes ele soube reinventar sua forma e experimentar com ela (Zelig, Annie Hall, Manhattan, e até o recente Roda Gigante, dentre tantos outros, são exemplos crassos). Suas obsessões temáticas podem permanecer, sempre com novos olhares e questionamentos, mas cada década nova em sua carreira traz mudanças profundas na sua mise-en-scène, sem, misteriosamente, perder sua tão peculiar identidade. Gênio, que viva e produza por muitos anos ainda.
OBS: essa lista, como todas minhas, está sempre em evolução e será atualizada e rearranjada diversas vezes, pois o cinema não é uma arte estática e está sempre em processo de ressignificação.
20. Tiros na Broadway (Bullets Over Broadway, 1994)
19. Match Point (2005)
18. O Escorpião de Jade (The Curse of the Jade Scorpion, 2001)
17. Broadway Danny Rose (1984)
16. A Rosa Púrpura do Cairo (The Purple Rose of Cairo, 1985)
12. A Outra (Another Woman, 1988)
11. Café Society (2016)
10. Zelig (1983)
08. Roda Gigante (Wonder Wheel, 2017)
07. Maridos e Esposas (Husbands and Wives, 1992)
05. Meia Noite em Paris (Midnight in Paris, 2011)
01. Manhattan (1979)
Comentários
Postar um comentário