GUILHERME W. MACHADO
O Globo de Ouro costuma marcar o momento em que a coisa começa a ficar séria na temporada de premiações. Foi uma cerimônia morna, em vários sentidos, com uma apresentação contida de Jimmy Falon e sem muitos alardes em geral. Mantendo ainda um pouco do espírito rebelde do ano passado (o Globo de Ouro tem se afastado cada vez mais daquela posição de "prévia do Oscar"), a HFPA já começou a cerimônia com um baque: Aaron Taylor-Johnson (Animais Noturnos) como melhor ator coadjuvante. Sim, essa escolha vergonhosa abriu o Globo de Ouro 2017, mas tiveram alguns poucos bons momentos no caminho.
Zebras à parte, Viola Davis (Cercas) confirmou seu absoluto favoritismo em melhor atriz coadjuvante e já é barbada para o Oscar. La La Land, outro favorito, foi ainda além do que todos esperavam e levou TUDO. Tudo mesmo. Melhor filme, melhor ator, melhor atriz (esses 3 nas categorias de comédia e musical), melhor diretor, melhor roteiro, melhor trilha sonora e melhor canção original. Ou seja, consagrou-se como o maior vencedor da história do Globo de Ouro, único filme a vencer 7 prêmios em uma edição. Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar) foi outro que confirmou sua justa liderança na categoria, e deve ser outra aposta já bem segura para o Oscar em melhor ator.
Na categoria de melhor atriz em drama, por sua vez, a coisa embolou de vez. Natalie Portman (Jackie), que até então liderava a corrida, tendo levado o Critic's Choice Awards algumas semanas atrás, perdeu para a favorita da crítica Isabelle Huppert (simplesmente fenomenal em Elle), naquele que provavelmente foi o melhor momento da noite, junto do prêmio Cecil B. De Mille de Meryl Streep. Na categoria de melhor atriz em comédia e musical, por outro lado, Emma Stone (La La Land) confirmou seu favoritismo e levou, colocando-se como uma candidata considerável para vencer o prêmio da academia mês que vem.
Nas séries, múltiplas tragédias. John Lithgow inexplicavelmente perdeu, mesmo com The Crown levando melhor série – uma escolha atroz quando se considera que GoT, tranquilamente a melhor série da tv mundial há uns 5 anos, nunca ganhou e que tinha ainda a ótima Westworld no páreo. Ambas séries da HBO, aliás, saíram de mãos abanando, bem como a minissérie da produtora, The Night Of. Lena Headey perdeu novamente, e não foi para Thandie Newton (que teria sido bem aceitável), mas não tive ainda a oportunidade de conferir a atuação de Olivia Colman para poder comparar.
Mas voltando às categorias de cinema, melhor filme estrangeiro, embora tenha sido uma agradável surpresa, não ajudou em nada para o Oscar. Elle venceu, mas não estará indicado no prêmio da academia (não entrou na shortlist), de tal forma que a briga continua entre Toni Erdman (Alemanha) e O Apartamento (Irã). Melhor trilha sonora e melhor canção original parecem já bem encaminhados para La La Land. Já melhor roteiro e melhor direção, mesmo que essas vitórias tenham dado muito gás para Damien Chazelle, não considero categorias definidas, resta ver os resultados dos sindicatos e do BAFTA (não creio que La La Land será unânime nesses prêmios).
Enfim, alguns bons momentos ganharam a noite, que em geral foi bem insossa e em grande parte inconclusiva para a temporada de premiações. Abaixo, a lista completa dos vencedores nas categorias de cinema:
MELHOR FILME - DRAMA: Moonlight
MELHOR FILME - COMÉDIA OU MUSICAL: La La Land
MELHOR DIRETOR: Damien Chazelle (La La Land)
MELHOR ATRIZ - DRAMA: Isabelle Huppert (Elle)
MELHOR ATOR - DRAMA: Casey Affleck (Manchester à Beira-Mar)
MELHOR ATRIZ - COMÉDIA OU MUSICAL: Emma Stone (La La Land)
MELHOR ATOR - COMÉDIA OU MUSICAL: Ryan Gosling (La La Land)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Viola Davis (Cercas)
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Aaron Taylor-Johnson (Animais Noturnos)
MELHOR ROTEIRO: Damien Chazelle (La La Land)
MELHOR TRILHA SONORA: La La Land
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL: "City of Stars" (La La Land)
MELHOR FILME ESTRANGEIRO: Elle (França)
MELHOR ANIMAÇÃO: Zootopia
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