TEXTO DE: Guilherme W. Machado
Andrey Zvyagintsev, através de um magnífico trabalho imagético, nos transporta para uma fria e insípida cidadezinha no interior da Rússia atual para contar a universal história de um cidadão comum, pai de família, prestes a ser desapropriado de sua casa para atender aos caprichos de um governo corrupto e onipotente. O Leviatã do título é um elemento metafórico presente ao longo de toda película, seja na sua relação com a criatura bíblica ou com o estado absolutista teorizado por Thomas Hobbes. Zvyagintsev recheia seu maravilhoso roteiro com subtramas, relações familiares e reflexões [críticas] acerca da religião, fazendo de Leviatã um filme atemporal que não se prende na Rússia atual, ainda que dispare muitas críticas sobre a mesma. A narrativa kafkiana - tanto na temática (homem comum x burocracia/estado) quanto na abordagem realista da mesma -, muito evidenciada no vídeo, imbue o filme com um realismo potente, que se soma aos milimétricos e contemplativos planos de Zvyagintsev numa obra profunda e impactante. Filmaço.
NOTA: 8.5
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