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Melhores Filmes de 2018


G.W. MACHADO

Então, resolvi tirar um pouco a poeira desse espaço para voltar com a tradicional lista de melhores do ano – um exercício que, apesar de tudo, ainda me interessa bastante fazer –, contando, como sempre, os filmes que estrearam no Brasil em 2018 (mas que não necessariamente são filmes de 2018). A diferença esse ano é que decidi considerar como elegíveis também os filmes originais das plataformas de streaming, uma realidade crescente na indústria e que não pode mais ser negada.

2018 foi um ano curioso, com muitos filmes que espelharam a turbulência política (não apenas brasileira, mas mundial), e também com nuances bizarras. Foi um ano em que alguns cineastas consagrados – ou pelo menos dignos de interesse – lançaram filmes bem abaixo de suas médias (Polanski, Ramsey, Del Toro, Linklater), e cineastas dos quais se esperava pouco ou nada lançaram bons ou ótimos filmes (Chazelle, a dupla Daley/Goldstein, Collet-Serra, Johannes Roberts, etc), mesmo que eu não tenha consigo incluir todos aqui. Também foi um ano com diversas dobradinhas de mestres e diretores interessantes, com 2 filmes do Garrel, Spielberg, Roth e Sang-soo chegando ineditamente aos cinemas nacionais. Enfim, em geral considero o saldo como positivo, ainda que com algumas decepções no meio do caminho, e fiquei bastante satisfeito com a consistência de qualidade que consegui juntar com 20 filmes (nem sempre dá, tem anos que tem que se esforçar pra preencher as vagas). Vamos à lista:

20. O TERCEIRO ASSASSINATO, de Hirokazu Koreeda

Até há algum estranhamento na combinação do olhar humanista de Koreeda como cineasta com esse estudo criminal que é O Terceiro Assassinato, mas não deixa de se revelar como um daqueles casamentos improváveis dotados de um charme particular. O Terceiro Assassinato foca menos na investigação do crime em si – fugindo vigorosamente do whodunit e entregando de cara o assassino –do que na compreensão dele, entrando assim num terreno moral perigoso: o assassinato pode ser justificável? Felizmente, Koreeda teve o cuidado necessário com o assunto e fez um filme que, embora com seus percalços numa construção não tão bem desenvolvida, é muito bem acabado, num terceiro ato que redime a maioria das falhas anteriores.


19. A BALADA DE BUSTER SCRUGGS, de Joel Coen e Ethan Coen

Irmãos Coen entregam mais um exercício de torção do cinema de gênero para o seu campo temático: o da sociedade contemporânea fundamentada na violência e no interesse pessoal. Há um jogo de renovação, de sobreposição forçada, de uma contemporaneidade (frequentemente sem sentido) que dá lugar aos antigos modos. Foi assim em Fargo, Onde os Fracos não têm Vez, e é assim em A Balada de Buster Scruggs; é um movimento que acontece, mesmo que de maneiras mais sutis, na maioria de seus trabalhos. Parecido com o que fizeram em Ave, César!, os irmãos Coen usam os diferentes contos para exercitar diferentes abordagens tonais, brincando com diferentes possibilidades de subgêneros dentro do western. Alguns contos são mais cômicos, outros bastante sombrios, um ou dois até envolvem elementos mais intensos de ação, mas que os envolve como todo são as reflexões sobre a morte, assunto pelo qual os irmãos fogem sabiamente de oferecer respostas muito definidas, mas sim uma série de de questionamentos e metáforas visuais bem elaboradas.


18. A NOITE DO JOGO, de John Daley e Jonathan Goldstein

Uma comédia aventuresca de proporções que não se via no cinema blockbuster desde os anos 80, mas que não deixa de remeter mesmo as comédias de estúdio da era de ouro hollywoodiana. Bastante curioso ver como os cineastas operam dentro da fortemente engessada estrutura dos grandes estúdios e fazem, em pleno mainstream, um filme tão dedicado à falcatruagem e tão insanamente desprendido da realidade em prol de um humor absurdo. McAdams brilha aqui talvez mais do que em qualquer outro trabalho que já tenha feito, carregando um elenco formado principalmente por atores de comédia, reforçando que talvez seja esse o seu gênero de maior conforto (lembrando que é onde ela começou a se destacar). Não é um filme perfeito, nem de forma alguma um blockbuster que tente subverter essa condição, justamente o contrário, ele a aceita de tal forma que consegue achar inspiração num terreno em que muitos sufocam.


17. THE POST, de Steven Spielberg

Ainda é o Spielberg patriótico de Ponte dos Epiões, mas a realidade americana mudou de 2015 para 2017/2018, e a sombra que o cineasta joga sobre sua habitual esperança na nação em The Post é o que faz desse o seu filme mais interessante em tempos recentes. Mal a gloriosa vitória da imprensa é celebrada (e ali sim transborda Spielberg), The Post corta para o troco de Nixon e depois para o Watergate, encerrando o filme. O desânimo político norte-americano é evidente, mas o que torna The Post particularmente cativante sobre outros filmes dessa linha é o exemplar domínio de ritmo de Spielberg, e a forma como ele conseguiu ser alusivo imageticamente na ambientação dos conflitos, seja nos planos da Casa Branca (sempre filmados de fora), ou na dinâmica à lá espionagem da busca pelos arquivos.


16. À SOMBRA DE DUAS MULHERES, de Philippe Garrel

O Garrel mais irregular em tempos recentes, principalmente no que tange seus estudos sobre moralidade nos relacionamentos, mas ainda sim muito cativante. As comparações de Garrel com os cineastas da Nouvelle Vague sempre surgiram aqui e ali, mas a verdade é que nenhum daqueles (tão grandes quanto foram) jamais tiveram a sinergia desse ao tratar dos assuntos do coração. Os problemas de À Sombra de Duas Mulheres manifestam-se principalmente na construção do personagem masculino, que cujos propósitos pareceram um tanto perdidos, atrapalhando um pouco minha conexão com o filme, mas um Garrel menor ainda é um filmaço.


15. DESEJO DE MATAR, de Eli Roth

No presente cenário político estadunidense, não impressionam a proliferação de trabalhos como 15:17 para Paris e esse Desejo de Matar  filmes que mergulham fundo, mesmo que de formas diferentes, na cultura armamentista , mas sim a grave falha de percepção geral que se teve sobre eles. Roth em toda vilania típica que acompanha sua persona cinematográfica segue sendo um ferrenho moralista. Esse talvez tenha sido o elemento incômodo que travou o já divertido Bata Antes de Entrar (2015) de maiores impressões, mas que em Desejo de Matar opera de uma forma bem menos pregatória e bastante mais irônica (retomando um pouco d’O Albergue) do que no seu predecessor, chegando assim a resultados mais interessantes.


14. O PRIMEIRO HOMEM, de Damien Chazelle

Possivelmente o filme mais bem resolvido do Chazelle no seu trato da ambição humana, tema que é o foco absoluto do cineasta até agora (e não a música, como muitos pensavam). Seus protagonistas buscam sempre a grandiosidade, a realização pessoal, acompanhada do devido reconhecimento. O que torna O Primeiro Homem mais interessante nesse aspecto é que o pior lado da ambição (como Chazelle a representa) é espalhado nos personagens, ao invés de ficar concentrado num só, sendo que para o protagonista Neil Armstrong o ímpeto de alcançar o inalcançável vem mais de uma necessidade de evadir a própria vida, como uma fuga necessária, compulsória. Seguem alguns vícios do cineasta sobre o assunto, como a obsessão pela perda pessoal como elemento necessário para a conquista dos sonhos, mas ainda sim é seu filme mais bem desenvolvido nessa temática.


13. AS BOAS MANEIRAS, de Juliana Rojas e Marco Dutra

Delicada fábula sobre trabalho e maternidade, passando por diferentes temas típicos do cinema nacional (sexualidade, classe, exclusão), que alimenta-se de uma visão urbana bastante singular por parte dos dois cineastas. A São Paulo e Rojas e Dutra é uma São Paulo de estúdio. Os cenários são assumidamente artificiais, chegando ao ápice no flashback narrado em pinturas, mas é essa intencional artificialidade que potencializa a narrativa fabulesca e abre o caminho para a brutal ruptura  mesmo no cinema fantástico não é comum ver um comprometimento tão grande com a quebra narrativa como acontece em As Boas Maneiras, de proporções que lembram Psicose e Audition  que ela toma. Uma grande conquista do cinema nacional, que caminha a passos lentos rumo a ter um cinema de gênero mais bem fundamentado, mas um grande filme em si mesmo.


12. ME CHAME PELO SEU NOME, de Luca Guadagnino

Harmonioso resgate rohmeriano do romance europeu coming-of-age. Guadagnino foge de apelações fáceis e toma seu tempo construindo cuidadosamente as relações entre os personagens (ajudado por ótimas atuações de todo elenco), encontrando um punhado de momentos bem inspirados, e muito bem embalado pelas músicas de Sufjan Stevens. Um filme de bela sinergia e que envolve o espectador emocionalmente no romance, bem como o transporta sem dificuldades para aquela atmosfera das férias da classe média europeia, com todo seu charme antiquado.



11. A CÂMERA DE CLAIRE, de Hong Sang-soo

Menos dramaticamente intenso que os demais trabalhos recentes de Sang-soo, mas não por isso menor (exceto pelo tempo de duração em si). Os mesmos cafés e restaurantes da cidade de Cannes são frequentados por personagens diferentes, em tempos tempos diferentes, sendo o único registro de "realidade" as fotografias tiradas pela polaroid de Claire (Isabelle Huppert), que parece operar como uma visitante curiosa – para não cair em definições mais metafísicas, plenamente cabíveis – desse panorama dramático vivido pelos personagens coreanos. Como sempre em Sang-soo há algum nível de experimentação na forma e na narrativa que torna tudo um pouco mais interessante. 


10. DEIXE A LUZ DO SOL ENTRAR, de Claire Denis

Ainda a cineasta com maior sensibilidade em atividade, Claire Denis recuou da densidade sombria de seu filme anterior, Bastardos (2013), e vai para um caminho totalmente diferente nesse filme que acompanha os inconstantes episódios da vida amorosa de uma mulher de meia idade (Juliette Binoche, brilhante) após separar-se de um longo casamento. Parece o storyline do típico filme francês genérico, e até seria, não fosse o talento fenomenal de Denis em transmitir os sentidos dos personagens como se fossem os do espectador. Nem que fosse apenas para ver Binoche, filmada por Denis, dançando "At Last" já seria um dos melhores filmes do ano, mas é muito mais.


09. INFILTRADO NA KLAN, de Spike Lee

Raro um filme com intenções tão evidentemente panfletárias conseguir a contundência que esse Infiltrado na Klan atinge. Toda dinâmica de policial infiltrado é bem divertida (novamente Adam Driver surge como um dos destaques do ano), e Lee canaliza todos seus anos de “estudo” do digital (foi um dos primeiros diretores de Hollywood a aderir ao formato) num domínio bastante satisfatório da forma. O tom político e social é muito bem manejado entre pontos e contrapontos ao longo do filme, até acabar numa pancada violenta que rompe o ritmo de "entretenimento com consciência social" tão cuidadosamente construído até então e entra num território bem mais próximo de um Godard (sim, por incrível que pareça) de ativismo político. Uma virada interessante, num filme amplamente satisfatório.


08. ANTES QUE TUDO DESAPAREÇA, de Kiyoshi Kurosawa

Poucos prazeres cinéfilos são melhores atualmente do que acompanhar a carreira de Kiyoshi Kurosawa. Em cada novo filme o diretor japonês recria toda uma nova realidade, e te suga para o campo gravitacional desta com o mínimo esforço possível. Antes que Tudo Desapareça é o seu filme de invasão alienígena, mas a sua abordagem sobre o evento é tão “tranquilizante” (na falta de termo melhor) que o foco fica direcionado justamente no elemento salvador: a humanidade, mas mais especificamente, na manutenção da própria humanidade. Nesse filme a humanidade é um elemento tão forte que pode ser passado, algo inumano pode se tornar humano (assim como um humano pode agir de forma inumana), pois não depende de condições biológicas; é uma condição emocional, comportamental. Um dos poucos filmes otimistas do mestre, que continua acertando.


07. 15:17 PARA PARIS, de Clint Eastwood

Mais um Clint serevamente mal compreendido de forma geral. Um retrato opaco, flertando com o realismo modernista, de um Estados Unidos que cultua o belicismo desde a infância, na qual conflitos existem desde a escolaridade e os jovens são preparados para arriscarem suas vidas sem certezas de pelo que estão lutando, mas pela glória do heroísmo (que no panorama apresentado por Clint é mais uma obsessão culturalmente incutida, o que já era gritante em Sniper Americano, do que qualquer outra coisa). Como em Sully, tudo gira em volta de alguns segundos de ação, um momento decisivo, que mistura precisão, impulsividade (o instinto de agir sem questionar é matéria-base da construção de personagens no filme), e, lógico, sorte. 


06. ZAMA, de Lucrecia Martel

Lucrecia Martel obtém sucesso onde a maioria dos cineastas falhariam (e muitos já falharam): fez um filme sobre o colonialismo nas Américas sem ser excessivamente vago, nem meramente informativo (um dos desvios mais comuns em filmes de época), numa combinação curiosamente eficiente de comédia de costumes com uma atmosferização sombria, slow-burning, que engrena brilhantemente na segunda metade do filme. O colonialismo em Zama é retratado como um ciclo interminável, em loop, no qual quase nada de fato acontece e tudo fica preso numa burocracia kafkaniana; um inferno tropical para os colonos e pior ainda para os povos nativos hostilizados.


05. TRAMA FANTASMA, de Paul Thomas Anderson

A perturbação sempre rondou o cinema de Paul Thomas Anderson, são poucos os seus protagonistas que escapam desse enquadramento (seja Tom Cruise em Magnólia, todo trio principal de O Mestre, Sandler e Emily Watson em Embriagado de Amor, Day-Lewis em Sangue Negro, etc), mas em poucos filmes ela toma um papel tão central, expressado numa espiral descendente de jogo de poder entre os personagens principais. A câmera que acompanha em agito a viagem solitária de Day-Lewis ao campo é a mesma que registra num quadro fixo com zoom suave o pedido de casamento – que parte da descoberta de uma necessidade de ser dominado pelo outro, para depois domina-lo novamente. Um filme que abre um ciclo aparentemente sem fim, mas não necessariamente trágico.


04. EM CHAMAS, de Lee Chang-dong

Cativante enigma do cinema sul-coreano, baseado num igualmente interessante conto do escritor japonês Haruki Murakami. Em Chamas é um dos filmes mais estranhos de classificar na temporada, não é bem um thriller, nem exatamente um romance, não chega a ser plenamente arthouse bullshit (embora chegue perigosamente perto em alguns momentos); é uma metáfora multigênero que consegue desviar muito bem de todas "armadilhas" nas quais poderia ter caído e acaba revelando-se uma experiência cinematográfica de prazeres inesperados. Todo mundo fala da cena que divide o filme ao meio, quando os três personagens estão reunidos na casa de campo, ao som de Miles Davis, e sim, é tudo isso, além de marcar uma das melhores transições narrativas do ano.


03. AMANTE POR UM DIA, de Philippe Garrel

Melhor Garrel da trilogia que começou em O Ciúme (com o segundo filme listado mais acima nessa lista), embora seja o título daquele primeiro filme que dite bem a tônica desses trabalhos recentes. Ninguém trata melhor de inseguranças amorosas que o cineasta, e Amante por um Dia é um dos seus mais bem acabados jogos de luzes e sombras, realçando a cada enquadramento as dinâmicas (internas e externas) do seu trio de personagens, que dessa vez foge de ser o triangulo amoroso habitual e passa para os laços sanguíneos (a convivência da filha com a namorada bem mais nova do pai). A dinâmica em si, por conta dessa mudança, é completamente diferente do habitual no seu cinema, mesmo que o filme transpire seu estilo no ritmo e no visual, o que torna ainda mais prazeroso ver como um nome tão consagrado e antigo do cinema francês ainda consegue se renovar sem perder sua característica.


02. O OUTRO LADO DO VENTO, de Orson Welles

Filme perdido no tempo, mas talvez muito mais atual agora do que na época em que foi feito (algo que nem um gênio como Welles poderia antever). Welles, além de discutir sua própria figura como poucos seriam capazes, discute mídia e arte, suporte e mensagem. A fragmentação da narrativa não vem da montagem feita ao longo de décadas, mas das tendencias que o diretor já tinha apresentado em F for Fake, numa proposta radical de confundir as linguagens do documentário e do cinema ficcional de forma que o espectador tenha que juntar por si mesmo os pedaços e inserir suas próprias inferências sobre os temas no processo, que é árduo, até cansativo, mas absurdamente recompensador.


01. O DIA SEGUINTE, de Hong Sang-soo

Sang-soo segue sendo o cineasta mais intensamente pessoal do cinema atual. O Dia Seguinte dá seguimento a sua profunda autorreflexão acerca de acontecimentos recentes de sua vida privada (separou-se e teve um relacionamento complicado com a atriz Kim Min-hee), mas também aos elementos centrais de seu cinema, construído sobre camadas de encenação que frequentemente confundem sua temporalidade (é difícil precisar quando, e até em que ordem, aconteceram), enquanto mantém bem definidos os mesmos espaços, frequentemente revisitados. Um filme magistral, que atinge seu potencial pleno quando revisitado.


Comentários

  1. Gostei muito das estreias de 2018, foi um ano de boas produções em todos os gêneros. Uma que me surpreendeu muito.Eu me encantei muito pelo filme Jogador n1. E olha que fiquei bastante preocupada com a adaptação já que livro é maravilhoso, faz um tempinho que o li, por que alguém me recomendou e adorei que fizeram a adaptação cinematográfica. Eu gostei bastante do livro é bem distópico. Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes ficção científica . Adorei jogador n1 filme , porque tem toda a essência do livro mais uma produção audiovisual incrível. Este livro conta uma história extraordinária. Outro fator que fez deste um grande filme foi a direção do Spielberg, seu talento é impressionante.

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    1. O Spielberg realmente tem muito domínio no que ele faz, é cativante de assistir, também gostei de Jogador Número 1, esse ano tive que deixar diversos filmes que gostei de fora da lista. Obrigado pelo comentário Adriana!

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