O Garoto é o primeiro e um dos mais marcantes longa metragens do diretor britânico, que já era famoso por ter realizado uma grande quantidade de curtas. Recheado de gags hilárias, momentos emocionantes, e uma boa quantidade de críticas sociais, essa obra prima do cinema mudo segue imortal após seu aniversário já passado de 90 anos. Choca a imortalidade de alguns conceitos e imagens, levando em conta que hoje vemos filmes que, em sua grande maioria, serão esquecidos dentro de poucos meses. Creio que seja pela força de suas histórias e preceitos, e não pela sua inegável habilidade cômica, que Chaplin conseguiu ser um dos pouquíssimos grandes diretores a sobreviver à transição do cinema mudo para o falado, com o ótimo O Grande Ditador [1940] tendo posteriormente evoluído ainda mais para entregar uma sequência de trabalhos brilhantes de Monsier Verdoux [1947] a A Condessa de Hong Kong [1967], último filme de sua carreira.
Justiça seja feita, uma das coisas que mais encanta no filme é a performance do jovem Jackie Coogan. O garoto (com o perdão do trocadilho) tinha cerca de 7 anos, apenas, quando fez esse trabalho e conseguiu acompanhar com maestria o timing cômico e as gags de seu “mentor”. Como disse um crítico especializado em Chaplin, o britânico não apenas criou uma miniatura sua nesse filme, ele também retrata com o personagem do menino o seu próprio, sendo assim ambos personagens (o de Chaplin e o de Coogan) uma representação – em idades diferentes, claro – da mesma pessoa: seu criador.
A qualidade cômica, como sempre, é tremenda. A caracterização do vagabundo, constante na carreira do diretor, e seu modo de andar, lutar e fugir já é engraçado por si só; Chaplin proporciona, entretanto, uma série de ótimos momentos cômicos envolvendo outras situações, principalmente o menino. As piadas, todavia, não são exageradas e tão constantes a ponto de tirar toda e qualquer seriedade da obra, por isso funcionam tão bem. Sua função, perfeitamente cumprida, é proporcionar divertimento ao espectador enquanto esse acompanha a história. O que seria o cinema, afinal, se não uma forma de lazer, dentre outras coisas?
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